Olá, pessoas!
Hoje vim trazer a resenha do livro de um autor muito
importante pra mim, e que, com certeza, é um dos grandes culpados por eu ter me
tornado escritora (shame on you, hahaha).
Aos 14 anos, Jostein Gaarder
me desestruturou com “O Mundo de Sofia”, fazendo com que eu lesse praticamente
todos os seus livros desde então (sim, eu devorava um atrás do outro e ainda
arranjava tempo para reler os meus favoritos. Foi um período lindo e cheio de
filosofias na minha adolescência, já que Gaarder incorpora diversos conceitos
filosóficos no corpo de cada obra – o que eu sempre amei!).
E agora, depois de anos distante da escrita de Gaarder,
decidi dar um tempo nas fantasias que eu andava lendo para voltar aos velhos
hábitos dos meus 14 anos, lendo um dos livros do autor que estava parado em
minha estante.
Título: Vita Brevis
Autor: Jostein Gaarder
Editora: CIA das Letras
Ano da publicação: 2009
Nota: 4⭐
Em resumo, Vita Brevis é uma carta de amor repleto de
desabafos à (acredite se quiser) Santo Agostinho. Antes dele se tornar bispo da
Igreja Católica, viveu seus prazeres carnais como qualquer outro homem da
época, tendo, inclusive, engravidado e convivido por anos com sua concubina, “Flória
Emilia” – nome fictício dado por Gaarder, já que, na realidade dos fatos, ninguém
sabe quem era ela.
Com a maestria de sempre, o autor cria um pano de fundo
interessante para fazer de Vita Brevis um “documento oficial”, dizendo
ter encontrado o chamado Codex Floriae numa viagem à Argentina,
traduzindo-o do latim para mostrar ao mundo quem foi a mulher ferida por
Agostinho.
A narrativa segue exatamente o que se espera de uma mulher
trocada: repleto de rancores, indiretas certeiras e de uma dor lancinante pelo
filho que teve de abandonar, por ter sido largada por Agostinho em nome dos
pedidos de sua sogra e de seu chamado para com Deus.
Não vou dizer que foi o meu livro favorito do autor, porque
não foi. Não me agradam os dramas de mulheres largadas pelos amores de suas vidas, e que se “vingam”
do parceiro dando um show de retórica – acho desnecessário –, mas compreendo os motivos da obra ser construída dessa forma.
O ponto alto dessa obra é, antes de tudo, a crítica. Além do leitos conhecer o pano de fundo histórico utilizado para sua construção, nítido ficou para mim que o intuito do autor foi induzir o leitor a inferir o quanto foi dolorido para Agostinho abrir mão do “lado carnal”
para servir a Deus, e o quanto ele teve que ferir terceiros (assim como, acredito eu, todos os que optam
pelo celibato) por suas escolhas espirituais. Seja o leitor ateu ou crente, é interessante ver o outro lado da moeda.
Ter contato com a raiva que Floria tem do Deus que roubou seu amado nos leva a questionar muitas liturgias, ou, ao menos, nos tornar empáticos com aqueles que não concordam com elas e tem de engoli-las à força. É um livro, por si só, formado por inúmeras críticas, e que leva o leitor à intensa reflexão.
As referências filosóficas também são um show à parte, um prato cheio para amantes de História, sociologia e afins, tão rica e simplificada como em todos os livros do autor.
❝Não, não creio em um Deus que exija sacrifícios humanos. Não creio em um Deus que destrua a vida de uma mulher para salvar a alma de um homem.❞
As referências filosóficas também são um show à parte, um prato cheio para amantes de História, sociologia e afins, tão rica e simplificada como em todos os livros do autor.
Por isso, indico àqueles que gostam de filosofia e desejam conhecer
a escrita de Jostein Gaarder (ou continuar explorando-a) por meio de um livro fluido, rápido e repleto de pensamentos polêmicos.
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